
“Desafiador”, “barulhento”, “crítico” e
“impressionante”, seriam as palavras certas para definir Weekend, de Godard. Todos, ou
grande parte, reconhece a genialidade de Godard, assim não desconfiando dessa
genialidade, resolvi compreender melhor sua obra, comecei a pensar no que a
torna tão genial. Sem dúvidas os filmes do brilhante diretor não são
fáceis de se entender, partindo do sentido de que o verdadeiro expectador não é
aquele que apenas assiste ao filme pacificamente, mas sim o que tenta
desvendá-lo ou menos dialogar com a obra. Antes de falar propriamente do filme,
gostaria de deixar claro que minha crítica, comentário, review ―como
preferirem― Não é uma análise científica, até porque não sou especialista
nisso.
Weekend é
um filme feito aos moldes Nouvelle Vague, explicando rapidamente, foi
um movimento artístico do cinema francês, as principais características
são: uma montagem inesperada, original, sem concessões à linearidade narrativo,
marcada também por um estilo mais politizado.
A obra é baseada no conto
inesquecível "A Auto-estrada do Sul", de Júlio Cortázar. Embora
não seja uma representação fiel do conto, Godard consegue evocar os principais
elementos da narrativa do Cortázar. O
filme narra a trajetória de dois jovens que estão tentando chegar a uma casa de
campo, nesse percurso, eles encontraram diversos personagens com que vão criar
diálogos diversos, críticos e extremamente interessantes. Os personagens
em si são muito bem construídos, na verdade, eles encaixam-se perfeitamente no
filme.
Weekend vai
falar sobre o apocalipse automobilístico, tanto que o filme se passa em uma
estrada (rodovia). Ao decorrer do longa são apresentadas as consequências e
caos causados por essa automobilização desenfreada: carros tombados, pegando
fogo, pessoas mortas e afins.
Uma das cenas que marcou o filme é a do
engarrafamento quilométrico, em que inúmeros carros estão parados na estrada,
buzinando, pessoas gritando, outras paradas na estrada relacionando-se. A
cena demonstra exatamente a relação dos automóveis e o caos, é extremamente
longa e barulhenta, na verdade, o filme é muito barulhento, salvo cenas em que
há diálogos mais sérios e alguém cantando.
O filme, brilhantemente, crítica à
sociedade consumista e hedonista, à banalização da vida, à falta de respeito e
ao etnocentrismo. A crítica da obra é construída não só pelo roteiro e direção,
mas também pela montagem que, aliás, é arquitetada por meio de símbolos e
alegorias. O uso das cores, tomadas rápidas, lentas, os cenários, a edição
caótica, extraordinária e até mesmo enigmática fazem a grandeza do filme.
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