DET SJUNDE INSEGLET - O
SÉTIMO SELO (1957)
Você já se imaginou jogando xadrez com a morte?
Essa é uma das cenas mais renomadas do
cinema. No entanto, embora seja muito conhecida, muitos não sabem que ela vem
do filme O Sétimo Selo (1957), que é um dos mais geniais clássicos do
cinema. Dirigido pelo renomado Ingmar Bergman, o filme narra a vida de um
cavaleiro ((Max Von Sydow), que retorna das Cruzadas e depara-se com seu país
devastado pela peste negra.
A obra tem como temática principal o
medo da morte e as dúvidas fomentadas pela fé. A primeira cena do filme é a
clássica - já citada- em que o cavaleiro ao refletir sobre sua vida, encontra a
Morte (Bengt Ekerot), que, na verdade, veio buscá-lo. Assim, com medo de ser
levado e afim de ganhar tempo, convida a Morte para jogar uma partida de
xadrez, na qual decidirá se ele será ou não levado. Os elementos das cenas
apresentam-se como uma alegoria: o jogo representa as diversas tentativas do
homem em tentar enganar a morte. Seria uma crítica a nós mesmo, que
sempre nos achamos imortais…
O roteiro é muito bem
construído, vale ressaltar que é uma adaptação de uma peça teatral. Além disso,
cada personagem na obra tem um papel fundamental e representa um ponto crítico,
dentre eles os mais importantes são: O artista e sua esposa (Bibi Andersson), o
ferreiro (Åke Fridell) e Lisa (Inga Gill), o Cavaleiro, Raval (Bertil Anderberg), Jons (Gunnar
Björnstrand) e Skat (Erik Strandmark).
O Sétimo Selo está diretamente
ligado ao texto bíblico "Apocalipse" ou "Revelação", em que
acredita-se que Deus tem um livro selado com sete selos, nos quais a abertura
implica em punições à humanidade. Assim, o cenário e a ambientação escura,
deserta e apocalíptica retomam o texto bíblico. Mesmo o cinema já tendo a tecnologia da
cor, Bergman decidi usar o preto e branco, possivelmente, para evidenciar e dar
profundidade à temática da obra. Além disso, à trilha sonora forte e dramática
expressam a agonia e até mesmo o medo sentido pelos personagens.
As ideias do longa são muito bem
trabalhadas pelo diretor, podemos perceber na composição dos planos e
sequências escolhidos. Por outro lado, o diretor torna essas ideias mais
evidentes com os jogos de cenas, como o encontro da Morte com o cavaleiro em
vários momentos para continuar a partida de xadrez, isto é, ninguém consegue
fugir da morte. A temática da fé está presente em diversos elementos,
principalmente, no discurso. Há também uma cena em que o artista vê uma mulher
com um bebê, que seria Nossa Senhora e o Menino Jesus.
O trabalho feito pela equipe cinematográfica é
simplesmente bárbaro. O espectador ao assistir ao longa deve ter muita atenção,
pois o filme, embora, seja maravilhoso é bastante difícil e complexo. No
entanto, ainda que não se entenda tudo - se é que é possível entender tudo- da
primeira vez, o próprio longa nos convida a ver várias e várias vezes.
Por fim, não poderíamos deixar de
comentar a cena final, A Dança da Morte, em que após uma espécie de
"apocalipse", a morte vai a frente levando a foice e uma ampulheta -
a imagem clássica - seguida por todos os personagens, salvo o artista e sua
família, que vão atrás de mãos dadas em uma espécie e dança solene, como narra
o Artista "dançam para longe do sol, rumo à escuridão"..
Por: Viviane Freitas
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