
Tempos Modernos (1936)
Tempos
Modernos foi uma crítica de Charles
Chaplin a indústria cinematográfica, a Revolução Industrial e as suas
consequências como a manipulação e alienação do trabalhador das fábricas. Em
1927 pela Warner Bros. surgi o primeiro filme com passagens faladas, uma
revolução para a 7ª arte, que transforma o Cinema e institui uma nova era, a do
Cinema falado. Com isso, muitos atores do Cinema mudo foram esquecidos por não
conseguirem se adaptar a era do som.
Carlitos,
personagem mais famoso de Chaplin, com seu terno desajeitado, chapéu-coco,
bengala de bambu e até então mudo é convidado a falar pela primeira vez. A
indústria cinematográfica recusava a inclui-lo em seus filmes se ele não
falasse, o que ia de encontro com os valores de Chaplin “Eles estão arruinando
a grande beleza do silêncio”. Justamente, por isso, ele produz, dirige, roteira
e estrela uns dos filmes mais brilhantes que a humanidade já viu.
O filme apresenta-se como uma história sobre a
indústria, iniciativa privada e a humanidade em busca da felicidade. Carlitos,
um trabalhador com um sério problema nervoso causado pela realização de
trabalhos repetidos (L.E.R), é o personagem principal, que vive nos Estados
Unidos após a crise de 1929, ou seja, o cenário é marcado pela miséria, pela
fome e pelo desemprego. Carlitos por seus colapsos nervosos é considerado louco
levado para o hospital e após sua volta a fábrica já está fechada. As cenas
também são divididas com uma órfã, que tem que praticar furtos para sobreviver.
Essa mocinha mais ao longo da narrativa vai se envolver com Carlitos e juntos
vão idealizar uma vida longe da vida moderna.
A crítica a sociedade industrial, capitalista e
moderna é apresentada pelo humor e pelas imagens aleatórias, para o espectador
desatento, de uma forma quase sutil e muito bem humorada. Logo na primeira
cena, o filme abre com a imagem de um relógio e com toda significação que este
pode ter para a modernidade. O tempo é o novo Senhor do homem, sem ele o
sujeito da modernidade encontra-se perdido e desamparado. Depois do relógio, o
diretor (Chaplin) faz uma brincadeira entre um rebanho de ovelhas e um
aglomerado de trabalhadores das fábricas, os homens amedrontados assim como as
ovelhas correm, correm sem pensar, afinal o proletariado não precisa pensar,
precisam correr e trabalhar, ainda mais porque pensar requer tempo… E tempo é
dinheiro.
Tempo realmente é dinheiro. Chaplin materializa essa
frase no filme com a ida dos funcionários ao banheiro. Toda saída do
trabalhador deve ser registrada no ponto, pois quem está no banheiro não está
produzindo. Uma das melhores cenas do longa é quando Carlitos é obrigado a
comer servido por uma máquina com o objetivo de poupar tempo. O humor caracteriza-se
com a brilhante interpretação de Charles Chaplin e com a complicação da
máquina. Há várias cenas que se pode perceber essa relação tempo, máquina e
homem/operário, sendo o homem/operário o menor e mais insignificante dessa
relação.
Carlitos se envolve em uma confusão tomado como o
líder comunista por trás da greve que está a acontecer e acaba por ser preso.
Nessas cenas está a ironia. O personagem é tão bem tratado e alimentado que
decide fazer o que for possível para retornar a prisão, ou seja, a situação é
tão miserável que o indivíduo prefere deixar sua liberdade por uma refeição.
Outra grande cena
do filme é a canção de Carlitos. Todos esperam que o personagem fale pela
primeira vez, ao invés disso, Chaplin genialmente encena a canção alternando em
várias línguas, espanhol, francês, inglês, italiano. Provando, assim, que há
uma linguagem que atinja a todos: O gestual.

Por: Vanessa Freitas e Yasmin Farias
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