Drogas, bebidas, estimulantes, princípios!
Tudo isso são válvulas de escapamento querendo escoar
privada abaixo, nos libertando da escória do mundo. Mas o que não percebemos,
ou percebemos, porém fingimos não notar, é que nos prendemos à ela.
Woody Allen nos traz a
tona através da filosofia juntamente com a literatura, pensamentos que nos esmiúçam
as incertezas, devaneios e aflições: o questionamento da vida. Categorizado pela crítica como mais um dos “filmes sérios
de Allen” atípico do diretor, o Homem Irracional (Irrational Man) me chamou a atenção, pois seu roteiro foi visivelmente inspirado no romance e
obra prima Crime e Castigo, do escritor russo Fiódor Dostoiévski.
Allen nos leva
a uma pequena cidade que torna-se alvoraçada com a chegada do novo professor de
filosofia da Faculdade local, Abe Lucas (Joaquin
Phoenix), um homem abalado
emocionalmente que mostra ter problemas psicológicos
e dificuldades sociais. É hedonista e depressivo, que acaba se envolvendo com
uma aluna incitada e curiosa, Jill Pollard (Emma
Stone). Ela se atraí
pelo singular professor e vê nele uma alma perdida com um intelecto fascinante,
o que desperta suas fantasias românticas.
O problema é que Abe assim como Raskólnikov, do livro Crime e Castigo, paira entre os
extremos do altruísmo e da apatia. O personagem de Dostoiévski classifica as pessoas entre "ordinárias" e "extraordinárias": as ordinárias deviam viver na obediência e não tinham o direito de transgredir as leis, ao passo de que as extraordinárias tinham o direito, não declarados, de cometer crimes e de violar leis, desde que suas intenções, se fossem úteis à humanidade como um todo, o exigirem.
Abe então se depara com a finalidade de cometer um crime, o crime perfeito, com o intuito de trazer à tona os prazeres da vida e dar ao mundo um presente.
Sem dúvida, é um roteiro um pouco
diferente de Allen, o que por isso vale a pena em minha opinião. Acompanhando a
qual ponto chega os devaneios e a sagacidade de um homem que acaba sendo vítima
de um dos seus autores preferidos, levando-o a irracionalidade.
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